domingo, 31 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Introdução

Somos a Sara Mota (turma 5, número 15137) e Joana Pereira (turma 3, número 15062), estudantes de Psicologia, do 2º Ano, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. E, na cadeira de Psicologia Social II, foi proposto que se realizasse um trabalho que abrangesse toda a matéria leccionada* , durante o segundo semestre. Para isso, decidimos partilhar - daí a necessidade de criar este blog -, com todos aqueles que sintam curiosidade sobre o tema, o nosso trabalho que intitulámos de “nenhum homem é uma ilha”, de Pierre Teilhard de Chardin.

*Atitudes
Inferência Causal
Cognição Social
Motivação

Optaremos pelo uso de uma linguagem clara e objectiva, de modo a que a leitura não se torne imperceptível e maçuda.

Espero que gostem,

qualquer dúvida:

sarasantosmota@gmail.com & joanapereira89@hotmail.com

Publicado por Pereira & Mota, 2009

sábado, 23 de maio de 2009

Atitudes

As perguntas vão soando conforme o sopro do vento e a multidão, enfurecida, lá vai respondendo. Não me atrevo a opinar. Prefiro ficar à janela a ver aquela gente a debitar ‘sim’ e ‘não’ de uma forma quase desmedida. Ouvem-se gritos, vêem-se expressões, mas as frases são na sua maioria imperceptíveis. Vêem-se cartazes, em letras grandes e cores de profeta: nenhum animal deve ser explorado para entretenimento do homem. As exibições de animais e os espectáculos que se sirvam de animais, são incompatíveis com a dignidade do animal (artigo 10º da Declaração Universal dos Direitos do Animal; afinal, quem é a Besta?; (...).
Fecho a janela, na tentativa de não me envolver no assunto, na tentativa de acreditar que ele não é real. Deito-me no sofá, ligo a TV e lá está o pobre do Animal a sobreviver aos olhares daquela gente que aplaude de pé por vivenciar, no dito Ser, tal angústia, aflição, sofrimento. Desligo enraivecida a televisão e, como que num acto de desespero, vou para a rua fazer parte daquela manifestação inundada de Gente Humana.

Inegavelmente, vemo-nos envolvidos a tomar uma posição sobre determinadas temáticas: favor ou contra a despenalização do aborto; favor ou contra de alimentos geneticamente modificados (transgénicos) ou, como no exemplo acima enunciado, favor ou contra às touradas. Porém, não existe propriamente uma opinião mais certa/verdadeira que outra: trata-se de um conjunto de valores, sentimentos, crenças, dogmas e experiências diferentes. No entanto, temáticas mais discutidas pelos media são, em regra, as mais difíceis de se virem a alterar. Está-se perante um conflito ao nível de opiniões que divergem por caminhos totalmente opostos e, quase inerente ao ser humano, está a vontade de difundir determinada posição ou mudar as opiniões das pessoas, quer de uma forma informal – envolvendo discussões entre amigos –, quer em campanhas públicas.

Mas, afinal, como se pode definir o conceito de atitude?

Parafraseando Eagl e Chaiken (1993), atitude é um constructo hipotético referente à «tendência psicológica que se expressa numa avaliação favorável de uma entidade específica». Ou, de uma forma mais simples, trata-se de predisposições para responder a determinada classe de estímulos com determinada classe de respostas (comportamentais) (Rosenberg & Hovland, 1960); predisposições para se adoptarem comportamentos – tendência para responder de forma favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou acontecimento (Ajzen, 1980). Daí que se afirme: AS ATITUDES NÃO SÃO COMPORTAMENTOS.

A grande maioria dos autores considera que as atitudes são aprendidas e que, por isso, susceptíveis de se alterarem. Sendo sempre expressas através de um julgamento avaliativo face ao objecto atitudinal (e.g. despenalização do consumo de drogas – atitudes que envolvam este tema expressam-se de uma forma imediata, uma vez que é difícil manter uma posição neutra relativamente a uma tema tão debatido socialmente).
Rosenberg e Hovland (1960) propuseram o Modelo das Três Componentes como descrição da estrutura das atitudes (ver esquema abaixo – esquema 1).


Esquema 1 - Modelo (triárquico) das Três Componentes, Rosenberg e Hovland (1960).

De modo a tornar perceptível o esquema acima apresentado, que serviu de base para o desenvolvimento de uma série de investigações, podemos dizer que as atitudes cognitivas referem-se a pensamentos, ideias, opiniões, crenças que ligam o objecto de atitude aos seus atributos ou consequências, que exprimem uma avaliação +/- favorável.

As atitudes afectivas, por sua vez, aludem emoções e sentimentos provocados pelo objecto de atitude. E, finalizando, as atitudes comportamentais comportam comportamentos ou intenções comportamentais em que as atitudes se podem manifestar (e.g. se houver um abaixo assinado contra a despenalização do consumo de drogas não tenciono assinar).

Medição das atitudes

São várias as escalas que medem as atitudes, nomeadamente: a escala de Thurstone (1928) – apresentou limitações práticas (morosidade), metodológicas (trata-se de uma escala ordinal) e científicas (incapacidade dos juízes se abstraírem da sua posição individual); Escala de Likert (1932) – apresenta-se vantajosa porque é económica ao nível dos recursos (e.g. tempo) e fácil de construir, dando mais garantias relativamente às propriedades métricas, no entanto, as suas limitaçoes residem no facto de se tratar de uma escala ordinal, e não intervalar, sendo que o carácter radical das afirmações promove a sua desadequação face às mutações sociais; Escala de Gutman (1944) – fácil de cotar as respostas e possibilita a ordenação simultânea de pessoas e estímulos em torno de uma mesma dimensão, no entanto, a sua aplicação é restrita a algumas temáticas, inclui poucos itens, sendo difícil criar uma escala perfeitamente cumulativa provoca reacções negativas por parte dos respondentes; Escala de Osgood e colaboradores (1957) – os mesmos adjectivos servem para medir diferentes objectos atitudinais permitindo, assim, a comparação entre estes, no entanto, é uma escala que tem como limitações a assunção de que os adjectivos têm o mesmo significado para todas as pessoas é contraditória com as premissas gerais do método proposto pelo autor e, ainda, a descontextualização da avaliação do objecto atitudinal; Fishbein e Ajzen (1980).

1) Medição das atitudes através de respostas cognitivas;
2) Medição das atitudes através de respostas afectivas/psicofisiológicas (implícitas);
3) Medição das atitudes através de respostas comportamentais (explícitas):
As técnicas comportamentais mais importantes neste domínio referem-se a observações de comportamentos reveladores de atitudes, mas, no entanto, são observações que não passam completamente despercebidas aos sujeitos. No entanto, apesar de ser considerada, na medição das atitudes, como a forma mais próxima da realidade, estas medições não se encontram isentas de sofrerem influências, uma vez que a relação entre o comportamento do sujeito e a inferência da sua atitude é deixada ao encargo do experimentador.

As funções das atitudes

Ao entrarmos no capítulo das funções que as atitudes suportam, a pergunta a reter é: para que servem as atitudes? E para responder a esta questão podemos entrar por quatro caminhos possíveis que iremos, então, começar por abordar.

1) Funções motivacionais das atitudes: atitudes e necessidades

A perspectiva de Katz (1960) baseava-se na tentativa de compreender as razões que levam as pessoas a manter as suas atitudes. As razões, no entanto, estão ao nível das motivações psicológicas e não ao nível do acaso de acontecimentos exteriores. A menos que conheçamos as necessidades psicológicas que sustentam uma atitude, estamos em má posição para predizer o quando e como da sua medição (p. 170).
Herek (1986) sistematizou as funções das atitudes em duas grandes categorias:
1. Funções instrumentais ou avaliativas – o indivíduo avalia a situação, custos e benefícios da atitude, e opta pela atitude que permite obter um melhor ajustamento social. Desta forma, maximiza-se as recompensas sociais e, por conseguinte, minimiza-se as punições.

2. Funções simbólicas ou expressivas – o sujeito protege-se contra conflitos internos ou externos, preservando a sua imagem, através da utilização de atitudes como forma de transmitir os valores ou a identidade do sujeito.

2) Funções cognitivas das atitudes: atitudes e processamento da informação

Referente às funções cognitivas das atitudes, poder-se-á referir a forma como elas influenciam o modo a informação é processada. A forma como se organiza a cognição humana tem em conta dois princípios gerais:

1. Princípio do Equilíbrio:
Relativamente à teoria do equilíbrio de Heider (1958 – 1970), poder-se-á referir o ambiente subjectivo do indivíduo (percepção do meio em que vive) que é definido como o princípio organizador das suas atitudes e, consequentemente, das suas mudanças de atitudes.
Heider considera que, sob a forma de tríades de relações, poder-se-á representar as situações sociais.

2. Princípio da Redução da Dissonância Cognitiva:
Relativamente à teoria da redução da dissonância cognitiva de Festinger (1957), esta baseia-se na necessidade de todos os indivíduos encontrarem consonância entre as diversas cognições que têm a respeito de um mesmo objecto. Não se trata, essencialmente, de se estabelecer uma relação entre diferentes atitudes, mas sim que haja a consistência interna dessa atitude. Assim, quando estamos presentes de uma relação entre duas cognições incompatíveis da mesma pessoa face ao mesmo objectivo falamos de dissonância cognitiva.
O princípio básico desta teoria, que tem bases motivacionais, requer que um estado de dissonância cognitiva, psicologicamente desagradável, constitua uma motivação, uma activação do organismo no sentido da redução ou da eliminação dessa dissonância. No entanto, nem todas as cognições que se consideram incompatíveis têm que nos produzir dissonância. É preciso que as cognições sejam percebidas como importantes e que nos vejamos responsáveis pelas situações que nos causam dissonância.
E como sair de um estado desagradável de dissonância? Festinger propõe duas estratégias: aumento do número ou importância das cognições consonantes e/ou a diminuição do número ou importância das cognições dissonantes. Assim, podemos dizer que o processo da redução da dissonância apresenta-se da forma como as atitudes influenciam o processamento da informação, através da procura activa de informação relevante acerca do objecto de atitude.



Quadro 1 – Exposição, Percepção e Memória Selectiva.

3) Funções de orientação para a acção: atitudes e comportamento

O emergir de uma manifestação de tolerância ao nível comportamental e, simultaneamente, de uma expressão de intolerância ao nível atitudinal, reflectindo uma inconsistência entre atitudes e comportamentos, é possível de acontecer!

Segundo Abelson (1972) (cit. Vala, J. e Monteiro, M. B. (2006) «estamos muito bem preparados e somos realmente muito bons a encontrar razões para aquilo que fazemos, mas não somos grande coisa a fazer aquilo para que temos boas razões.» mas tal, segundo a psicologia social da cognição, não poderia ser aceite, não se poderia cortar, de uma forma tão radical, com o pensamento e a acção.

Fishbein e Ajzen (1975) afirmam que as atitudes são importantes factores na precisão do comportamento humano, no entanto, elas distinguem-se entre as atitudes gerais face a um objecto (de forma indirecta, influenciam a previsão do comportamento, isto é, uma tendência para a acção) e as atitudes específicas face a um comportamento relacionado com o objecto de atitude (úteis na previsão de um comportamento específico). Para estes autores, o comportamento representa uma escolha, uma opção onde se pondera um conjunto de alternativas, pelo que o melhor preditor do comportamento será a intenção comportamental. No entanto, a atitude específica é apenas um dos dois factores importantes na decisão, uma vez que o outro factor é a norma subjectiva, que integra as pressões sociais e as pressões dos outros que afectam o nosso comportamento. Assim, entende-se que as “crenças normativas” sociais são o que as entidades pensam sobre qual deverá ser o nosso comportamento em relação a uma determinada situação; as pressões sociais, por sua vez, relacionam-se com a nossa motivação para cursar nessas mesmas crenças normativas.

Se falarmos de variáveis podemos referir, como variáveis directas a atitude específica e a norma subjectiva; e como variáveis indirectas, aquelas que afectam, de forma indirecta, as intenções dos comportamentos – podem ser as atitudes gerais, os traços de personalidade, variáveis sociodemográficas. Todavia, Bentler e Speckart (1979) (cit. por Vala e Monteiro, 2006), ao testar o modelo proposto por Ajzen presenciaram que no comportamento de consumo de drogas, este é melhorado aquando a introdução de uma outra variável – variável externa específica –, nomeadamente, o comportamento anterior do sujeito.

Mas, em 1988, Ajzen, reformula o seu modelo de acção reflectida, introduzindo uma nova influência directa da intenção comportamental (“Controlo Comportamental Percebido”), passando, assim, a ser considerado o Modelo do Comportamento Planeado. Esta nova variável corresponde à dificuldade percebida na realização do comportamento – conceito de auto-eficácia (Bandura, 1977, 1982) (cit. por Vala e Monteiro, 2006), permitindo englobar a experiência anterior no comportamento.

Este segundo modelo, tal como no primeiro modelo teorizado por Ajzen e Fishbein (1980), depreende cruzamentos entre os diferentes constructos. O controlo comportamental percebido é proveniente da multiplicação das “crenças de controlo” e do “poder percebido”.
O pressuposto de seguir determinados comportamentos com base na deliberação racional – Modelo da Acção Reflectida e Modelo do Comportamento Planeado – diz respeito à influência do consciente na tomada de decisão dos indivíduos. Por sua vez, Fazio (1990), sugere que os comportamentos podem não ser somente derivados de tomadas racionais, mas, também, oriundos de processos irracionais/espontâneos – actuação do inconsciente sobre os comportamentos. Assim, O Modelo MODE, “Motivação e Oportunidade como Determinantes de Atitudes e Comportamentos”, de Fazio (1990) baseia-se em técnicas de mensuração implícitas das atitudes – I.A.T, que permitam a detecção, quando o indivíduo é confrontado com o objecto atitudinal, de activações automáticas e inconscientes de afectos e avaliações positivas ou negativas, originando comportamentos de aceitação ou rejeição do objecto atitudinal.
Este autor sustenta que a falta de motivação para raciocinar sobre acontecimentos ou objectos atitudinais faz com que haja uma associação de atributos positivos ou negativos a esses mesmos objectos e acontecimentos, levando a assumir um comportamento de aceitação ou de rejeição.

Mudança de atitudes
Os meios de comunicação social, em especial a televisão (TV), têm um grande impacto na construção de crenças sobre a realidade social (muitas vezes desajustada) e sobre as atitudes sociais dos espectadores, atitudes essas que são fortemente influenciadas.

1) Propaganda e mudança de atitudes
Quer o modelo da acção reflectida, como a teoria da dissonância cognitiva referiam-se à mudança de atitudes. Por sua vez, é na altura da Segunda Guerra Mundial que surge a ideia de que as atitudes podem mudar como resultado de um processo de comunicação, como resultado da consciência de que a máquina de guerra alemã usava os meios de comunicação social como forma de propaganda das ideias nazis. Assim, emerge a seguinte questão: até que ponto as atitudes mudam por exposição a estas mensagens persuasivas? Qual o efeito da contrapropaganda? Como deve ser construída uma mensagem de modo a que leva a uma mudança de atitudes? Como se podem usar os media para construir atitudes?

Lazarsfeld (1940), conduziu um estudo sobre a formação de atitudes em relação aos candidatos presidenciais da eleição de 1940, evidenciando que mais do que a campanha eleitoral dos media, as pessoas utilizavam as conversas que tinham com os amigos de forma a conceber/desenvolver atitudes. Podemos, assim, referir o Modelo das duas etapas (two step flow) sobre os efeitos da comunicação, onde defendiam que os media influenciam primeiro os lideres de opinião, divulgando a mensagem junto dos outros membros do grupo. Mais tarde, este modelo referia que as pessoas expostas aos media vão depois confirmar e validar as suas ideias junto dos lideres de opinião.

2) O modelo de comunicação persuasiva
Uma série de investigadores puderam concluir que o efeito da comunicação persuasiva não é imediato nem tão simples como se poderia julgar no início.

Vários estudos permitiram concluir que comunicadores bonitos, que segundo Clifford e Walster (1973) seriam mais inteligentes, são mais influentes do que comunicadores menos atraentes (Chaiken, 1979); por sua vez, comunicadores semelhantes a nós (Brock, 1965) ou pertencentes ao nosso grupo (Kelly, 1955) também nos influenciam mais do que fontes mais distantes.

No que diz respeito à natureza da comunicação, realça-se a importância dos componentes lógicos e emocionais das mensagens persuasivas. Na experiência de Leventhal et. al, cujo objectivo era induzir os fumadores a deixarem de fumar, estes eram expostos a três condições experimentais ( suscitando “pouco medo”, “medo moderado” e “medo elevado”).

Os investigadores concluíram que os sujeitos expostos à condição “medo elevado” apresentavam uma maior intenção de deixar de fumar, o que denota que mensagens com grande carga emocional são mais persuasivas. Janis e Feshback (1953) mostraram que o apelo ao medo, quando moderado, aumentava a aceitação dos argumentos da fonte. Hovland e Mandell (1952) evidenciaram que a persuasão é maior quando a conclusão é deixada implícita do que quando ela é explicitada, essencialmente em temas simples. O maior poder persuasivo de uma mensagem (Hovland et al., 1949) apresenta-se apenas quando está patente um dos lados da questão, em comparação com mensagens que se apresentam com argumentos para as duas posições em confronto – no entanto, tal apenas se sucede aquando os indivíduos já suportam atitudes favoráveis e baixos níveis de educação.

Assim, tinha-se em conta as características da própria mensagem persuasiva e os atributos da audiência.

O impacto da comunicação dá-se em três fases sucessivas (Hovland, Janis e Kelly, 1953): atenção à mensagem, compreensão do seu conteúdo e aceitação das suas conclusões. Daí que, a mudança de atitudes estivesse dependente dos processos cognitivos atenção, memória e compreensão.


Quadro 2 - McGuire (1968) – Processamento da Informação em 5 Etapas.

De forma a elucidar o quadro anterior recorreremos a um exemplo:

No Parque Mayer, no Teatro Maria Vitória, na revista Piratada à Portuguesa, no II Acto, no número “a técnica de asseio do ar”, podemos observar uma cena onde vários políticos tentam persuadir uma empregada de limpeza a votar neles, para isso, tentaram, um por um, obter a atenção da empregada, desenvolvendo, posteriormente, argumentos que se considerassem adequados às capacidades de compreensão da mulher que tentavam persuadir, de modo, a que esta aceitasse os seus argumentos. Assim, a exposição à mensagem deve ser, então, suficientemente forte para a convencer (o que, neste caso em particular, e na nossa actualidade, não foi o que, obviamente, aconteceu). --> Uma vez que não é possível colocar um vídeo que ilustre esta mesma situação, aconselhamos que assistam à peça em questão.

Outra preocupação da escola de Yale foi estudar os factores de resistência à mudança de atitudes. Assim, Lumesdain e Janis (1953) averiguaram que conseguiam mudar as atitudes dos estudantes universitários expostos a mensagens persuasivas, mas que esta mudança só se mantinha face à posição contrária quando a mensagem inicial incluía argumentos bilaterais. Hovland e tal. (1953) “ (…) O ouvinte é levado a aderir a uma posição que toma em consideração os argumentos contrários, ficando assim inoculado contra comunicações que advoguem uma posição contrária” (p.143). O indivíduo ficava inoculado? Que quer isso dizer? Ora bem, o “efeito de inoculação” refere-se à exposição de mensagens a uma determinada audiência que possui argumentos diferentes/ contrários ao do emissor que por sua vez consegue levar a audiência à imunização de mensagens opostas.

O mesmo autor, juntamente com Papageorgis (1961), mostrou que embora o apoio estabilize a atitude, a inoculação é muito mais eficiente na criação de defesas face à mudança de atitude.

3) Duas vias para a mudança de atitudes
Chaiken (198, 1987) e Petty e Cacioppo (1981, 1986) focam a ideia de que a persuasão nem sempre é o resultado de um longo caminho cognitivo, esforçado e racional, como as etapas identificadas por McGuire sugerem (Quadro 2). De uma forma simplificada, poderemos dizer que nem sempre mudamos de opinião por termos ouvido com atenção os argumentos que nos são dados: verificamos a sua validade, aceitamos a sua posição e retemos a mudança.

Muitas vezes, quando estamos presentes de um tema que não nos suscita grande interesse, acabamos por ser persuadidos simplesmente porque a pessoa que nos está a tentar influenciar é bonita e parece-nos honesta, é persistente, etc. Em situações como esta acabamos por não elaborar cognitivamente as mensagens e, em vez de percorrermos todo o percurso cognitivo desde a atenção à aceitação, optamos por um atalho que nos evita a fase da compreensão e elaboração da mensagem e nos leva directamente para a aceitação. No entanto, achamos que seria pertinente a introdução de uma outra variável: o conformismo. Ou seja, a questão que colocamos é: até que ponto não se aceita uma mensagem simplesmente porque não há vontade, esforço ou argumentos para a contrariar?

Caracterizam-se, assim, dois tipos de processamento cognitivo das mensagens cognitivas: um processamento heurístico (na linguagem de Chaiken, 1980) ou superficial ou periférico (na linguagem de Petty e Cacioppo, 1981) – exige menor envolvimento cognitivo – e um processamento sistemático (na linguagem de Chaiken, 1980) ou central (na linguagem de Petty e Cacioppo, 1981) – envolve a elaboração cognitiva da mensagem, que seguirá mais de perto as etapas previstas nos modelos mais racionalistas da tomada de decisão.

O modelo heurístico sistemático do processamento da informação persuasiva salienta que, em muitas situações de persuasão fazemos avaliações baseadas em regras simples, regras que aprendemos durante a nossa vida e que nos evitam ter de dar muita atenção ao que nos está a ser dito. Por exemplo, «podemos confiar nas afirmações dos especialistas» ou «as estatísticas não mentem» e, uma vez que os números não mentem, faz-se uso de gráficos e estatísticas, precisamente para que a mensagem tenha mais impacto e pareça mais credível. Assim, dispensa-se o processamento do conteúdo da mensagem, de modo a que ela seja rapidamente aceite.

A publicidade faz, então, uso de especialistas (que aparecem frequentemente vestidos de bata branca) levando, como dissemos anteriormente, os indivíduos a aceitarem o conteúdo da mensagem sem grande esforço e sem, muitas vezes, chegarem a questionar-se. Mas, este factor – o do especialista – não aparece isoladamente, ou seja, há que ter em conta a velocidade com que a fonte fala, demonstrando segurança no seu discurso (Erickson e tal., 1978). Ainda a ter em conta é a simpatia da fonte, uma vez que a fonte simpática é sempre mais influente do que a antipática, mas, por sua vez, a saliência da fonte determina a radicalização da mudança de atitudes. Por fim, podemos ainda considerar o tamanho da mensagem, onde grandes listagens de argumentos, na obtenção de um determinado resultado, impressionam a audiência.
Relativamente ao modelo da probabilidade de elaboração (Petty e Cacioppo, 1986), este define dois tipos de processamento da informação: o processamento central – exige uma elevada elaboração da mensagem e, consequentemente, uma avaliação da informação subjacente no objecto tendo em conta os seus conhecimentos acerca do mesmo, de forma a obter, de uma maneira ponderada, mas sem ser obrigatoriamente objectiva, uma atitude que integre a informação obtida – e o processamento periférico – minimiza a informação indagada e a mudança de atitude, que se dá com base em processos cognitivos que exijam fraca elaboração cognitiva –, que se sobrepõem aos dois tipos propostos pelo modelo heurístico. Este modelo salienta que a via periférica para a persuasão recorre a uma menor elaboração cognitiva das mensagens sem recorrer, e sem excluir, ao processamento automático.

Referente a este modelo foquemo-nos no seu conceito principal: elaboração – grau em que a pessoa pensa nos argumentos relevantes existentes na mensagem.

Há que ter em conta que uma mudança de atitude semelhante em dois indivíduos pode ter ser operada por vias completamente diferentes.

Este modelo identifica ainda duas condições básicas que influenciam a probabilidade de elaboração das mensagens persuasivas: capacidade e motivação. Referente à primeira condição (capacidade), podemos dizer que a capacidade dos sujeitos inclui uma série de aspectos: desde a probabilidade de concentração, os conhecimentos ou a capacidade de processamento da informação. Estudos sobre os conhecimentos anteriores dos sujeitos apontam para que quanto maior é o nível de conhecimentos sobre um tema, maior é a discriminação da qualidade dos argumentos e, deste modo, mais a persuasão se encontra dependente de um processamento por via central.

A capacidade cognitiva dos indivíduos e o seu treino ao ler e interpretar a informação técnica, influenciam muito o tipo de processamento da mensagem, sendo, então, as crianças e pessoas com um menor treino técnico, sujeitas a uma baixa elaboração da mensagem.

Investigações têm demonstrado sistematicamente que as atitudes formadas ou mudadas, utilizando um processo sistemático, são mais estáveis e resistentes à mudança e à contra-argumentação sendo, também, mais consistentemente ligadas ao comportamento. Ou seja, atitudes formadas com níveis de elaboração elevados inclinar-se-ão a ter rebatido e incorporado contra-argumentos e, deste modo, teriam inoculado o indivíduo, sendo, simultaneamente, mais acessíveis; por sua vez, atitudes formadas com base numa elaboração cognitiva fraca, através da utilização de heurísticas ou de atributos periféricos à argumentação, são mais instáveis e menos associadas aos comportamentos.
Referente à segunda condição (motivação), esta mostra-se importante por, em especial, três aspectos: 1) ser preciso no julgamento que se faz, sendo o processamento da informação mais elaborado; 2) o tema em análise dever-se-á apresentar relevante para o indivíduo – só com um envolvimento alto é que os sujeitos conseguem diferenciar claramente os bons dos maus argumentos, não se deixando influenciar pelo número de argumentos que são apresentados; 3) nível de automonitorização (importância que a pessoa dá ao que os outros possam pensar) – pessoas com um elevado nível de automonitorização são mais sensíveis a índices heurísticos, ou seja, a publicidade baseada em imagens e emoções, do que indivíduos com um nível baixo de automonitorização (Snyder e DeBono, 1985).

Concluindo, será importante dizer que, segundo os autores, nem todos os indivíduos têm a mesma motivação para a realização de tarefas de reflexão intelectual, existindo indivíduos que tem uma maior “necessidade cognitiva” prestando por isso uma maior atenção aos argumentos apresentados e outros com uma menor “necessidade de cognição” analisando as mensagens persuasivas de uma forma mais superficial.



Vídeo 1: face a este excerto, retirado da novela emitida na SIC ‘Caminho das Índias’, o que queremos demonstrar é que quando criamos uma atitude em relação a determinada pessoa temos que ter em conta as suas idiossincrasias. Porém, o que, por vezes, acaba por acontecer é esquecermo-nos das características peculiares de cada indivíduo e, por isso, acabamos por ter uma visão limitada, uma vez que só temos em conta aquilo que os nossos olhos conseguem ver/alcançar.

EXERCÍCIOS (1):

1) As atitudes são…

a) Ondas sonoras
b) Comportamentos
c) Conjunto de frutos tropicais
d) Predisposições para se adoptarem comportamentos

2) As atitudes são passíveis de serem medidas. Assim, medimo-las:

a) Com o termómetro
b) Com a disposição do sol
c) Através de escalas (e.g. escala de Gutman, escala de Osgood …)
d) Nenhuma das opções anteriores

3) O Princípio do Equilíbrio...

a) Só é aplicado a pessoas que fizeram ballet
b) Ensina-nos a equilibrar o corpo e a mente
c) As situações sociais podem-se representar através de tríades de relações
d) É uma teoria de Festinger

4) O princípio da Redução da Dissonância cognitiva...

a) Apresenta-se da forma como as atitudes influenciam o processamento da informação, através da procura activa de informação relevante acerca do objecto de atitude
b) É usado em substituição ao Raio-X
c) É uma teoria de Heider
d) A alínea a) e c) estão correctas

soluções: 1) d ; 2) c ; 3) c ; 4) a.

Publicado por Pereira & Mota, 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Atribuição causal

“...o modo como subjectivamente interpretamos as consequências passadas do nosso comportamento ou antecipamos as suas consequências futuras controla o nosso comportamento actual.” , Harold Kelley (cit. Garcia-Marques & Garcia-Marques, 2003).

Atribuição causal. O que é isso? Como vivemos em sociedade, o que fazemos tem consequências (e causas) e somos, por isso, avaliados constantemente, não só pelos outros, mas também por nós próprios. Esta avaliação, influenciada por uma multiplicidade de factores, serve para explicarmos o nosso (auto-atribuição) e o comportamento dos outros (hetero-atribuição) e para descomplicar o mundo que nos rodeia, e que tantas dores de cabeça dá. A atribuição causal é, então, o processo através do qual atribuímos causas aos nossos comportamentos, e dos outros, como meio de regulação e organização.

São inúmeros os trabalhos feitos nesta área, por isso, e para que não fechem o blogue em cinco minutos, tentaremos ser o mais directas possível. Vamos começar por fazer um breve enquadramento teórico, das perspectivas mais significativas, e no final apresentamos um conjunto de exemplos que remetem para situações do nosso (e vosso) dia-a-dia em que fazemos uso da atribuição causal.

***
Psicologia Ingénua – Heider

A perspectiva de Heider, Psicologia Ingénua – senso comum –, assenta em dois aspectos que remetem para ajustamentos distintos. Um realizado internamente e ao nível das nossas cognições, com o objectivo de promover o nosso equilíbrio, e outro ao nível da sociedade, levando a sentimentos de integração. Ou seja, para Heider, procuramos sempre as causas de um qualquer comportamento com o intuito de tornar o mundo envolvente compreensível, estabelecer invariantes no meio e percepcioná-lo como um todo (principio gestaltista - o todo é mais do que a soma de todas as partes) e, por fim, fazer previsões de possíveis comportamentos e agir de acordo com estas.

Desta forma, ao explicar determinado comportamento – atribuição causal – tendemos a atribuir a causa a factores pessoais/disposicionais, como o esforço, a motivação e a capacidade, em detrimento dos situacionais (e.g. Heider, 1944, cit. Sousa, 2006). Isto leva à criação de falsas crenças, neste caso centradas no sujeito-actor, o que contribui para sentimentos, errados, de controlo e conformidade, indo de encontro com os objectivos da atribuição causal propostos por Heider. No entanto, “a coordenação de perspectivas com outros permite-lhe uma construção da realidade que se ajusta à sua necessidade de equilíbrio” (Sousa, 1988, cit. Sousa, 2006).

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Modelo de Inferências Correspondentes – Jones e Davis

Jones e Davis debruçam-se sobre um Modelo de Inferências Correspondentes, em que os ganhos informacionais do percipiente (observador) sobre o sujeito-actor são o “motor” para compreender o “como” da explicação dos comportamentos. Segundo este modelo fazemos correspondências entre o comportamento e intenção do actor, desde que consideremos que este conhece as consequências do seu comportamento (intenção) e que tem capacidades para realizar a acção e produzir o efeito que deseja (intenção), explicando o comportamento pelo princípio da procura dos efeitos não comuns. Assim, quantos menos efeitos não comuns encontrados, a probabilidade do percipiente fazer uma inferência correspondente com confiança será maior, e vice-versa. Caso os pressupostos não se verifiquem, explicamos o comportamento segundo o princípio dos factores causais mais improváveis em que, se considerarmos que o sujeito não conhece as consequências da sua acção, substituímos a intenção pela ignorância e, se o comportamento se deu por uma questão de acaso (não controlável), o acaso surge como causa.

A desejabilidade social é, também, segundo Jones e Davis, importante na formação de inferências, devido ao script – esquemas que variam de acordo com a situação, contexto, etc., activados, muitas vezes, inconscientemente – que temos a cerca de como interpretar a realidade. A desejabilidade social leva-nos a explicar os comportamentos de acordo com expectativas que temos de um actor. Assim, tendemos a atribuir causas a factores disposicionais (internos) quando temos poucas expectativas relativamente ao sujeito-actor e a factores situacionais (externos) quando o comportamento é expectável/esperado, no sentido de ser desejável.

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Modelo da Co-Variação – Kelley

O modelo proposto por Harnold Kelley, co-variação, pressupõe que o comportamento do sujeito-actor, o estímulo/situação e a circunstância temporal em que a relação se dá vai ter grande impacto na explicação/atribuição de causas – actor, cenário e situação. É, por isso, um modelo de racionalização das nossas acções. Esta racionalização decorre de três tipos de informação: consistência; distintividade e consenso. A consistência, ou estabilidade, diz respeito ao conhecimento que o observador tem da história do actor, isto é, se este, perante o mesmo estímulo, em diferentes situações continua a comportar-se segundo o mesmo padrão de resposta. A distintividade refere-se à forma como o actor se comporta em diferentes contextos e situações, aumentando com a variabilidade do sujeito em diferentes contextos. O consenso relaciona-se, com a tendência que o outro, além do sujeito, tem para adoptar sempre determinado comportamento perante o mesmo estímulo. Mais uma vez, é defendido que temos necessidade de explicar os acontecimentos, na medida em que, nos confere sentimentos de controlo.

Segundo Kelley a estrutura cognitiva do raciocínio que fazemos para explicar eventos, esquema causal ou script, baseia-se nas relações de causa-efeito armazenadas na nossa memória – crenças causais. Estes esquemas são activados imediatamente após a exposição ao estímulo, variam de contexto para contexto e podem ser de dois tipos: esquemas de causas múltiplas necessárias (desconto) e esquemas de causas múltiplas suficientes (aumento). O primeiro esquema referido, e que remete para o desconto, diz que determinada causa vale por si só para desencadear o comportamento, enquanto, que no segundo, é desencadeado por um conjunto de causas em interacção.

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Teoria do Locus de Controlo – Rotter

A teoria do Locus de Controlo, de Rotter, assenta numa abordagem cognitivo-comportamental da motivação e atribuição causal. Segundo esta teoria, o padrão de reforços, positivos ou negativos, disponibilizado pelo meio envolvente aquando a socialização e a maneira como interpretamos os resultados de comportamentos anteriores, estão na base da formação e mudança de expectativas, que, por sua vez, vão influenciar a nossa motivação e futuros comportamentos.

O locus de controlo pode ser externo, quando os resultados do comportamento são atribuídos a factores externos (ex. sorte/azar, fatalidade/destino, outro) ou interno, quando atribuídos a características do próprio (ex. esforço, capacidade). A “determinação” do locus de controlo externo ou interno deriva do meio envolvente, e consequente socialização, isto é, meios em que o reforço positivo é potenciado tendencialmente leva os sujeitos a atribuírem as causas a factores internos (meio positivo –> controlo interno), e meios pobres em reforços positivos e passíveis de gerar situações de clausura social e emocional leva à explicação de consequências dos comportamentos com base em factores externos (meio negativo –> controlo externo).
O locus de controlo é, então, uma componente estável e unidimensional da personalidade, sendo que cada um tem características específicas. Assim, quando o controlo é interno, as pessoas tendem a ser mais eficazes e mais capazes para se adaptarem a diferentes situações e a resolverem possíveis problemas, enquanto isto, no controlo externo os sujeitos tendem a expressar mais dúvidas quanto às suas capacidades e recorrem menos à ajuda social.

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Modelo Tridimensional – Weiner

O modelo tridimensional de Weiner, que engloba as teorias das atribuições causais de Heider e do Locus de Controlo de Rotter, propõe que a competência, o esforço, a dificuldade da tarefa e o acaso, na cultura ocidental, são as causas-base da explicação de comportamentos de sucesso/insucesso. Segundo Weiner, são as percepções pessoais que fazemos acerca das possíveis causas de um acontecimento que guiam o comportamento, ou seja, não somos seres hedonistas, não agimos apenas com o intuito de alcançar o sucesso, mas em função das interpretações cognitivas que fazemos de determinada situação. As dimensões do modelo de Weiner são o locus de causalidade (externo versus interno), estabilidade (estável versus instável) e controlabilidade (controlável versus incontrolável).
A dimensão do locus de causalidade divide causas em externas, dificuldade das tarefas e os outros, de causas internas, das quais fazem parte a capacidade e o esforço, estando ligada a sentimentos de culpa e vergonha e de auto-estima, auto-confiança e percepção positiva do próprio, respectivamente. A dimensão estabilidade, por sua vez, divide as explicações em termos temporais e, assim, em variável (ex. esforço e sorte) e invariável (capacidade e dificuldade da tarefa), estando associada a sentimentos de resignação, depressão e apatia, quando a valência é negativa, e optimismo e confiança quando as expectativas são elevadas. Por fim, a dimensão controlabilidade avalia a responsabilidade pessoal ou dos outros pelas consequências do comportamento, positivas ou negativas.
As consequências psicológicas, como é o caso das expectativas futuras, e emocionais, como a auto-estima e auto-percepção, diferem de acordo com as dimensões causais referidas, causa interna ou externa, estável ou instável e controlável ou incontrolável. É de sublinhar que as representações sociais implicam um amplo conjunto de explicações sobre as mais diversas situações, e como já foi dito em cima, variam nas dimensões de atribuição causal e, consequentemente, variam ao nível das consequências, emocionais, comportamentais e cognitivas.

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Erro fundamental (enviesamentos) – Ross

Nos anos 40, na população ocidental, situações em que o observador sobrestimava factores pessoais em detrimento dos situacionais, eram consideras por Heider (1944, 1958ª, cit. Sousa, 2006) uma distorção perceptiva. Estas situações, nos anos 70, foram designadas de erro fundamental, ou enviesamentos, que, segundo Ross (1977, cit. Sousa), diz respeito à tendência que temos, enquanto observadores, de sobrestimar o papel dos factores pessoais disposicionais e subestimar os factores situacionais, aquando a determinação de causas do comportamento do sujeito-actor. Estes enviesamentos podem dar-se em três níveis diferentes: observadores, mais comum; actores e actores e observadores.
Os enviesamentos dos observadores, são os mais habituais e estes cometem-no por atribuírem, única e exclusivamente, a razão de um determinado comportamento a factores pessoais disposicionais, sem nunca ter em conta a situação. Ou seja, a atenção do observador foca-se no actor e a situação ou contexto, que muitas vezes, ou pelo menos tem grande impacto, é o motor da acção, nem tudo se pode explicar por factores internos, há que ter sempre em conta o meio que nos envolve e que tantas vezes nos condiciona e nos impele a adoptar determinado comportamento. Simplesmente é muito mais fácil atribuir causas internas ao comportamento dos outros, do que procurar saber o que realmente aconteceu e o que levou a comportar-se de determinada maneira. Porque é que isto acontece? A “criação” de uma unidade causal (acto+actor) é a única maneira que o observador tem de dar sentido ao acto, bem como aos factores que lhe estão subjacentes – causalidade fenomenológica de Heider. A dimensão social é também um factor preponderante no que diz respeito à atribuição causal, quer ao nível cultural, na medida em que na sociedade ocidental existe, de facto, uma norma social para a atribuição de causas a factores internos, o que não acontece noutras sociedades, como a chinesa e indiana (Miller, 1984, cit. Sousa 2006), quer ao nível linguístico, visto que, enquanto é possível descrever diferentes acções com um vocabulário semelhante, o mesmo não acontece com a situação.
Quanto à atribuição causal dos actores, deve-se a uma dissonância cognitiva que surge após a adopção de um comportamento contra atitudinal – não está de acordo com o que o sujeito realmente quer ou sente. Por exemplo, quando algo é feito porque foi prometida uma determinada recompensa e no final esta não atribuída a todos, aqueles que não receberam nada são os que interiorizam a atitude proposta e mantêm-na ao longo do tempo, por conseguinte, os recompensados retomam a sua atitude inicial e abandonam a atitude anteriormente recompensada [ver atitudes].

Quando os enviesamentos são feitos por actores e observadores, em simultâneo, cada um segue caminhos diferentes. O actor tem tendência a atribuir as causas a factores externos/situacionais, que não pode controlar, e o observador, por sua vez, a causas internas e disposicionais do sujeito. As explicações quanto ao tipo de atribuição feita passam pela quantidade de informação disponível, pelas orientações perceptivas e factores linguísticos, variando do actor para o observador. Enquanto que o actor sabe qual foi a sua conduta anterior face a estímulos semelhantes, o que pretende alcançar e o esforço que investiu nesses mesmos objectivos, o observador não tem acesso a essa informação, havendo uma lacuna ao nível dos factores intrínsecos ao sujeito. Como já foi dito anteriormente, o observador centra a sua atenção somente no comportamento do actor e este no meio envolvente (situação/contexto) ou nas suas características individuais, que varia se este tiver insucesso ou sucesso, respectivamente. Quanto à linguística, o uso de verbos é utilizado maioritariamente pelo actor para descrever as suas acções, explicá-las e justificá-las; o uso de adjectivos é, regra geral, a base dos observadores para descrever os comportamentos. No entanto, quando o actor é bem sucedido, a tendência para atribuir as causas a factores externos é substituída por factores internos, bem como quando os resultados são os esperados e vão de encontro com as suas expectativas, protegendo, assim, a auto-estima, auto-confiança e auto-percepção.
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Erro Fundamental nos Psicólogos – Leyens

Por sermos futuras psicólogas, assim o esperamos, e por ser um erro tão grave e que tantos incómodos pode provocar, especialmente para quem está do outro lado, decidimos fazer um “capítulo” exclusivo para esta problemática. Não queremos fazer crítica aos psicólogos e ao seu trabalho relativamente ao erro fundamental, nós próprias daqui a uns anos (e até agora no nosso dia-a-dia) vamos deparar-nos com este problema, por isso, apenas queremos alertar para a sua existência, deixando claro ser de máxima importância não esquecer esta possibilidade durante a terapia, não deixando de parte qualquer outra possibilidade que não aspectos psicológicos. Quando se faz uma análise há que ter todos os aspectos possíveis e imaginários em conta e só depois de os analisar começar a excluir possibilidade a possibilidade.
O problema da relação terapeuta-cliente, o primeiro com o papel de observador e o segundo actor, deve-se, como já mencionamos acima, à diferente quantidade de informação disponibilizada para ambos, à pertinência e à forma como cada um a assimila. Por esta mesma razão o psicólogo deverá ser alguém que consegue “eliminar” esta análise reduzida apenas a factores intrínsecos ao sujeito, assim como deve ter cuidado ao fazer o diagnóstico. Porquê? Somos todos seres idiossincráticos e, por isso, não são apenas os motivos internos que nos movem, há que ter sempre em conta o contexto em que nos inserimos, todo o ambiente social e relações que estabelecemos, mas infelizmente para os “engenheiros” da saúde mental, isso nem sempre acontece. O facto de cada organização da personalidade e respectivos carácteres estarem categorizados segundo determinadas características e sintomatologia específica, leva a que análises feitas muito precocemente possam levar a desfechos menos agradáveis, dai que achemos ser necessário dar um passo de cada vez e ter em conta os riscos associados.
Em suma, e sem nos queremos repetir, mas já estando a fazê-lo, é NECESSÁRIO termos em conta que somos seres IDIOSSINCRÁTICOS e SOCIAIS, assim como não nos “construímos” num vazio social, também não agimos nele. MAIS, não nos podemos fechar e restringir a normativas que excluem qualquer factor que seja e, por isso, devemos explorar todas as possibilidades, desde as que nos parecem ser mais razoáveis até às mais mirabolantes.

EXERCÍCIOS (2):

Sucesso/Insucesso – Efeito pigmaleão

Ao contrário do que se passa com a magia, nós, aqui, dizemos: façam isto em casa:

Façam a vossa criança (filho, sobrinho, entiado, primo...) escrever uma composição. Façam duas versões, ou seja, apesar da composição ser a mesma, em cada uma estará escrito o nome dos pais e a sua profissão (diferente para casa versão). Depois, distribuam os textos pelos restantes amigos e familiares – a uns, entreguem a versão que diga que os pais têm uma profissão de, por exemplo, vendedores, empregados de balcão, etc., a outros entreguem a segunda versão, onde os pais, desta vez, suportarão uma profissão como médico, advogado, empresário, etc. Sabem o que acontece? É que, apesar do texto ter sido escrito pela mesma criança, este vai, certamente, ter um impacto diferente nas pessoas que o lêem pela profissão que os pais assumem, o que acaba por condicionar o facto de se se gostar, ou não, da composição.

Por vezes, no seio escolar, as crianças vêem-se confrontadas com essa realidade: um bom aluno ao realizar um teste, se se engana o professor não terá, propriamente, em conta esse erro uma vez que poderá incorrer no erro de pensar “enganou-se. É tão bom aluno que não deve ter reparado neste erro. Foi distracção, porque ele sabe como se faz”; por sua vez, um aluno que tenha mais dificuldades de aprendizagem, se realiza um teste detentor de alguns erros, o professor achará normal e, por isso, cotará o erro em questão. O mesmo acontece quando este aluno realiza um teste de boa qualidade, o professor poderá incorrer no erro de dizer que “foi sorte” ou “o teste era fácil”, em vez de admitir que o aluno estudou e que, por isso, sabe!

Assim, falemos do efeito pigmaleão, ou seja, no facto das pessoas tornarem-se naquilo que os outros esperam que se tornem. Isto é, a previsão ou expectativa de um acontecimento pode realmente fazer com que este aconteça. Por exemplo, se as expectativas de um namorado para com o outro são altas, o namoro tem probabilidade de ser excelente. Se, porém, as expectativas forem baixas, esse namoro está fadado ao fracasso.

Curiosidade: Pigmaleão foi um escultor da mitologia grega que esculpiu uma estátua de uma bela mulher. Acreditou tanto nela (e apaixonou-se por ela) que os deuses deram vida à estátua.



Nem tudo é o que parece!

São 12h e o Pedro ainda não apareceu. Combinámos tomar o pequeno-almoço às 10h30. Que falta de consideração. Preciso dele, mas ele não está. Olho, ofegante, segundo após segundo, para o telemóvel. Sem mensagens novas. Respiro fundo, pago o café que, entretanto, acabei por beber. Vou-me embora, ficou mais que claro que ele não gosta de mim.

21h42. O telefone toca, é do Hospital. O Pedro ia a conduzir, ficou sem gasolina. Decidiu ir a pé. Escorregou numa casca de banana e caiu para o riacho que havia mesmo atrás de si.

Afinal, nem tudo é o que parece...


Publicado por Pereira & Mota, 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Cognição Social

A Cognição Social remete para a forma como a informação, de natureza social, que recebemos é percepcionada, tratada e interpretada cognitivamente pelos sujeitos, estando, assim, as teorias do desenvolvimento cognitivo de Piaget e da percepção social de Bruner (“new look”) na base deste constructo. Assim, a organização cognitiva diz respeito à maneira como organizamos as crenças que temos e estas, por sua vez, são um tipo de estereótipo, no sentido em que criamos “categorias” nas quais inserimos cada objecto (ex. pessoas, situações, etc.) e que determinam as nossas expectativas, comportamentos e julgamentos face a determinado estímulo. O Homem não é, nem pode ser, comparado a um computador, O HOMEM NÃO É HOMEM SEM INTERACÇÃO SOCIAL e os erros cognitivos e enviesamentos que cometemos devem-se, muitas vezes, a isso mesmo.
A Cognição Social assenta em cinco pressupostos básicos. O primeiro diz que o percipiente (sujeito) é um processador activo da informação/estímulos que recebe, atribuindo-lhe significado de acordo com as expectativas que se tem desse mesmo estímulo e da comparação com situações semelhantes já ocorridas. Com isto, o objectivo do sujeito é organizar cognitivamente o mundo que o rodeia e “controlar” mentalmente o que acontece diariamente, seleccionando a informação percepcionada que é mais significativa para ele e, posteriormente, simplificando-a sob a forma de esquemas mentais – scripts – categorização. Os scripts são vistos como um guia das nossas acções, isto é, são um auxílio, evocado sem darmos conta, de como devemos proceder perante determinado estímulo, dão-nos informação sobre possíveis características do novo estímulo, por comparação, e de como se poderá relacionar com outros. Os processos de categorização social – etiquetagem – dão-se através da comparação de diferenças e semelhanças (semelhanças = estímulos) de sujeitos (ex. pigmentação da pele, comportamentos, atitude face a uma qualquer temática, etc.), premissa base da hipótese central da Psicologia Cognitiva, economia cognitiva, segundo a qual se torna mais fácil lidar com a informação social. Todos estes processos de que falámos sofrem, obrigatoriamente, influências sociais.
Segundo Tajfel e Bruner, quando formamos categorias, tendencialmente, acentuamos as semelhanças da categoria à qual pertencemos e realçamos as diferenças nas outras, isto é, há um favorecimento do endogrupo e um desfavorecimento do exogrupo. A categorização, regra geral, prende-se ao princpio da economia de recursos cognitivos, em que as pessoas à medida que vão percepcionando os estímulos tendem a classificá-los de forma discreta e descontínua, mesmo quando estes são contínuos (ex. Pigmentação da pele – não existe apenas pessoas brancas e negras, mas é assim que as pessoas tendem a classificá-las), há uma dicotomização dos estímulos e reflexo dos valores sociais dos percipientes, agindo em conformidade com os “estereótipos sociais” da sua cultura.

Outros factores que levam à inclusão de estímulos em categorias sociocognitvas – etiquetagem – são: o estatuto primitivo das categorias, a influências das normas culturais e o princípio do metacontraste. O recurso a categorias primitivas diz respeito a etiquetas como a raça, primeira etiqueta a ser formada, género e idade, que, na cultura ocidental, são activadas automaticamente, e tendo subjacente um conjunto de características permite prever o comportamento das pessoas que nelas se encontram. A influência das normas culturais ajuda, por exemplo, a perceber porque recorremos mais a umas etiquetas do que a outras, como a raça, na qual, novamente para a cultura ocidental, surge por uma questão de preponderância numérica, na qual a dita raça branca está em vantagem porque faz parte da norma e pertence, por isso, à maioria, ou seja, a etiquetagem “vira-se” geralmente para o que difere do modelo normativo que se tem, para o que é diferente (ex. Se falarmos que o homem tal fez tal coisa partimos do princípio que o homem é branco). O princípio do metacontraste remete para o princípio da economia cognitiva, que visa a simplificação da informação cognitivamente, maximizando as diferenças intergrupais. Estes três pressupostos estão, de certa maneira, relacionados entre si.


Organização de Crenças Sociais – Protótipos e Exemplares

A organização de crenças pode ser feita através de protótipos ou de exemplares. A primeira organização, protótipica, parte do princípio de que as categorias estabelecidas não têm fronteiras delimitadas, mas sim fluidas, havendo clusters, que incluem um conjunto de atributos gerais e comportamentos típicos, representativos de uma categoria (Rosch) e, por isso, regidos pelo princípio de economia cognitiva, simplificando/sintetizando a quantidade de informação recebida de acordo com o grau de diferença e semelhança. Ainda dentro da organização em protótipos, esta pode ser feita verticalmente ou horizontalmente, na primeira quando a categoria inclui várias subcategorias e na segunda quando essas mesmas subcategorias são diferenciadas. Quando à segunda organização, diz respeito aos estereótipos criados com base em pessoas que conheço e com quem se tem alguma familiaridade, em exemplares específicos de uma determinada categoria.

As crenças que formamos não têm que ser estáticas e podem mudar através de: processos de mudança aleatória, que se dá quando membros típicos de uma determinada categoria se comportam de uma forma altamente contraesteotípica; gradualmente, quando à medida do tempo vamos conhecendo pessoas que fogem à normativa dessa categoria, até que alteramos as nossas representações; ou através da formação de subcategorias, que diz respeito à criação de excepções à regra, excepções ao estereótipo inicialmente formado.

Modelo do Continuum – Formação de Impressões

É preciso deixar claro, desde já, que modelo do Continuum a formação de impressões se refere a pessoas em específico e não a grupos sociais e que estas só surgem no caso de, por algum motivo, não conseguirmos colocar essa mesma pessoa numa categoria social geral e depende de três factores: se os atributos da pessoa em questão são facilmente ajustáveis às características típicas de uma determinada categoria social na memória do percipiente, se este dá maior atenção às individualidades do sujeito e se está motivado para pensar (maior motivação –> formação de impressões, menor motivação –> formação de estereótipos).
A passagem de uma categoria social para uma de cariz concreto não é assim tão simples e compreende seis fases: categorização imediata inicial, “grau de relevância pessoal do sujeito-alvo”, “centração em atributos adicionais da pessoa-alvo”, categorização confirmatória, re-categorização e formação da impressão individualizada. Numa primeira fase, categorização imediata inicial, por muito pouca informação que tenhamos, tendencialmente atribuímos uma pessoa a uma categoria, activando automaticamente pensamentos, atitudes, intenções de comportamentos e afectos a essa pessoa (ex. profissão, pigmentação da pele). Após a primeira fase segue-se o “grau de relevância pessoal do sujeito-alvo”, isto é, se o sujeio-alvo tiver relevância e despertar a atenção do percipiente poderá passar à fase seguinte, focando a sua atenção nas características específicas do sujeito (terceira fase), caso contrário é etiquetado e agregado a uma categoria geral. A quarta fase diz que, surgindo atributos adicionais, se estes são sólidos dá-se a confirmação categorial. Se não houver confirmação categorial e o percipiente continuar motivado, ocorre re-categorização através do estabelecimento de subcategorias, da evocação de um sujeito exemplar e compará-los, da comparação com o próprio ou formando uma nova categoria. Por fim, se o sujeito não é categorizável e o percipiente está motivado e tem tempo e recursos, vai avaliá-lo tendo em conta as suas características pessoas (idiossincrasias) e formará uma impressão totalmente individualizada.
EXERCÍCIOS (3)
Como é que secas a tua roupa?

Se estendes a roupa à moda antiga, és mais pobre, possuis menos habilitações literárias, a lentidão é o teu lema, não tens grandes ambições, menos necessidades de sucesso e competitividade. MAIS, se fores do sexo masculino e estenderes a roupa… és mais homossexual! Caso contrário, ou muito me engano, ou és extremamente atraente.

O que nos dizem a isto? Inacreditável, não é? Este estudo foi realizado com base nas respostas de 316 estudantes universitários, do sexo feminino e masculino.


Publicado por Pereira & Mota, 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Motivação

Quando um pássaro persegue uma minhoca, tem um objectivo: satisfazer a fome. Quando um aluno se dirige à cantina, visa a mesma finalidade do pássaro: comer.

Quando telefona a um amigo para marcar um encontro, quando se dirige ao Conselho Executivo para pedir autorização para fazer uma festa, quando procura o seu professor de psicologia para lhe pedir para adiar o teste, todos estes comportamentos têm um factor comum – visam atingir um objectivo. São comportamentos motivados.

Desta vez, optámos por deixar o texto corrido e experimentar algo novo, ou seja, usaremos power points para explicar esta parte da matéria - motivação. Os slides apenas têm o essencial. Porquê? Nas atitudes propusemos algumas questões de escolha-múltipla no final da matéria; nas atribuições causais exemplos, assim como para a formação de impressões da cognição social; desta vez, propomos que, com base nas directrizes que já têm, façam uma pesquisa, mesmo que breve, sobre a motivação. Porquê? Simples. Queremos que pesquisem, procurem diferentes teorias e tirem as vossas conclusões, que sejam críticos. As bases vocês já as têm, agora força!



Publicado por Pereira & Mota, 2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

Conclusão

Nenhum Homem é uma Ilha

"Uma pessoa é uma coisa muito complicada. Mais complicado do que uma pessoa, só duas. Três, então, é um caos, quando não é um drama passional. Mas as pessoas só se definem no seu relacionamento com outras. Ninguém é o que pensa que é, muito menos o que diz que é (...) Ou seja, ninguém é nada sozinho, somos o nosso comportamento com o outro." , Luiz Fernando Veríssimo

Ao longo da nossa vida são várias as vezes em que nos questionamos a cerca do que somos e o que devemos ou não fazer. Quando procuramos respostas, temos em conta factores pessoais e que apenas nos dizem respeito (pelo menos é o que pensamos), idade, género, estado civil, profissão, experiência pessoal, etc. Mas na verdade, ao fazê-lo, e sem nos apercebemos, todos estes factores que nos são intrínsecos são idealizados e vistos através da nossa cultura e contexto em que estamos inseridos, tendo sempre em atenção os valores, as normas morais, as regras, as leis, as condições em que a nossa sociedade se encontra...

É interessante verificar que, apesar de não pensarmos nisso diariamente, não vivemos sozinhos, não somos uma ilha, somos mais um no meio de muitos. No entanto, e isto é de extrema importância, apesar de partilharmos inúmeros aspectos somos todos idiossincráticos, isto é, somos todos diferentes, com características pessoais que nos distinguem desta e daquela pessoa, ideais, valores, objectivos, ambições, etc.

Não querendo ocupar-vos durante muito mais tempo, e espero que tenham gostado da nossa “companhia” e ficado mais esclarecidos sobre os temas de que vos falámos, achámos importante sublinhar um dos pontos comuns a todos eles. Ora, quer a formação de atitudes, quer as inferências causais, assim como a cognição social e até a motivação, são mecanismos que servem para simplificarmos o mundo que nos rodeia e que tantas vezes se torna tão complicado de perceber e interpretar. Assim, torna-se possível viver em harmonia com o nosso próprio interior, resolvendo conflitos e obstáculos à medida que estes surgem na nossa construção enquanto seres humanos e sociais. São, portanto, de certa maneira, mecanismos que nos defendem e que nos auxiliam no nosso crescimento e evolução.


Até porque...“Nenhum homem é uma ilha”, Pierre Teilhard de Chardin

Apenas uma gota neste imenso mar

Ergo-me no cimo de uma árvore
E oiço as palpitações de uma gaivota voando
Sobre o reflexo da água de uma chuva límpida

Poiso memórias, pensamentos, devaneios
Sobre as nuvens
Poiso a música, o sorriso, o segredo
De entre as minhas mãos

Sou tanto e
Tão pouco

Sou muito e
Sou nada

São pasmos melancólicos
De quem se julgara única,
Magnificentíssima e singular

É esta a verdadeira queda de quem, afinal,
é apenas uma gota neste imenso mar

31/05/2009, Sara Mota
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Consideramos o nosso trabalho concluído, no entanto, achámos que deveríamos presentear todos aqueles que se envolveram na leitura deste blog e, por isso, aqui vai uma sopa de letra, onde terão que encontrar as seguintes 11 palavras:

1. Atitudes
2. Inferência Causal
3. Cognição Social
4. Motivação
5. Homem
6. Psicologia
7. Social
8. Simplificação
9. Organização
10. Originalidade
11. Comportamento




(poderão encontrar a solução mais abaixo)






















Publicado por Pereira & Mota, 2009